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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Telhas com painéis solares

Telhas substituem os amplos painéis solares
Texto adaptado por Érica de Vargas


Sim. Inovadoras, amistosas do ambiente e esteticamente agradáveis aos olhares. As telhas fotovoltaicas (geradores de energia solar) têm o mesmo aspecto que as placas solares convencionais com os tais “problemas estéticos”, podes-se dizer assim, com a diferença de vincularem mini painéis solares já na sua parte superior.

Aparência um pouco desagradável aos olhos dos consumidores
A rejeição do público aos modelos grandes e pesados dos painéis solares, que acima de tudo prejudicam a estética dos telhados, fez com que as empresas italianas Area Industrie Ceramiche e REM aprimorassem  suas tecnologias, criando a Tegola Solare.
As telhas fotovoltaicas contornam como citado esse tal problema estético, pois são feitas de argilas naturais (cerâmica normal), sem aditivos e com quatro células fotovoltaicas embutidas podendo ser usada tanto em casas como em edifícios.
As Tegola Solare são painéis solares, são especificamente construídas para converter a luz solar em energia sendo que sua fiação segue abaixo do telhado para o conversor, mantendo assim a tão esperado estética e a harmonia dos telhados.


POTÊNCIA      

Conforme o fabricante, uma área de 40 m² (considerada uma área pequena) pode gerar até cerca de 3kw de energia, imagine um telhado completo ou parcialmente coberto pode-se facilmente suprir as necessidades energéticas de uma família.
O único problema é mesmo o seu custo, elas ainda são mais custosas do que os painéis convencionais, mas o seu dinheiro aplicado a essas telhas em longo prazo lhe traria a tão esperada economia na conta de serviço de energia e consequentemente de dinheiro. 

Telhas são feitas de cerâmica e possuem quatro células fotovoltaicas embutidas
MERCADO

Esse tipo de telha está ganhando cada vez mais simpatia, especialmente em países como a Itália (aonde foi produzida), onde os centros históricos das cidades têm muitas regras de preservação, o que impede a construção daqueles grandes e pesados painéis fotovoltaicos. Veneza na própria Itália é uma das principais cidades do mundo que já contempla estes telhados solares e o local onde as maiorias dessas peças foram instaladas.

Telhado parcialmente coberto de telhas fotovoltaicas
OUTROS MODELOS

Logicamente com o advento desta tecnologia há o crescimento também de empresas que começam a buscar novas melhorias da qualidade e do suprimento de mercado inclusive a própria Area Industrie Ceramiche fez um modelo onde pequenos painéis fotovoltaicos eram acoplados no lado liso das peças cerâmicas. A empresa americana SRS Energy também produz uma placa em formato de telha de barro na cor azul escuro, porém, ela só é compatível com as telhas de cerâmica fabricadas por outra empresa parceira.

MONTAGEM

A instalação das telhas fotovoltaicas é feita normalmente, como a de qualquer outro telhado, e a área que captará a luz solar depende da necessidade do imóvel ou do consumidor. Em caso de dano, apenas se substitui a telha comprometida, operação fácil e barata pela própria natureza modular do telhado tradicional.
Facilidade da troca dos painéis
REFERÊNCIAS


Fonte: Area Industrie Caramiche - Telha substitui painéis solares: energia limpa e renovável, Publicado por 7p em 18/01/2014;

Escrito por Engenharia é - Empresas desenvolvem telhas já com placas solares, Publicado em 11/08/2015;


sábado, 10 de outubro de 2015

Concreto Permeável (1/1)

Alternativa para aumentar a permeabilidade de pavimentos submetidos a cargas reduzidas pode prevenir inundações superficiais causadas por tempestades evitando quem sabe enchentes tão grandiosas e reduzir o aquecimento das pistas em dias quentes.

O Concreto Permeável ou Poroso (1/1)
Texto adaptado por Érica de Vargas


É uma tecnologia ainda incipiente no Brasil, o material vem sendo adotado por construtores para atender ao que as legislações municipais pedem em relação à infiltração e permeabilidade na pavimentação de terrenos. Isso porque o concreto permeável permite que a água das chuvas passe através dele e seja armazenada nas camadas inferiores, base e sub-base, até ser conduzida ao lençol freático por meio do subleito ou então levada ao sistema de drenagem da cidade. Sem perder espaço de pavimentação, tem-se uma área pronta para absorver precipitações, evitando enchentes e realimentando o aquífero subterrâneo.

A principal diferença entre o concreto convencional e o poroso é o índice de vazios deste último. Enquanto o concreto convencional é compacto e tem propriedades que o fazem enrijecer ao longo do tempo, tornando-o mais resistente, a característica do permeável é outra. Ele é feito a partir de material granular quase todo do mesmo tamanho, com a mesma granulometria. "O uso do mesmo tamanho de agregado cria vazios, porque eles não conseguem ser preenchidos", explica Afonso Virgiliis, engenheiro da secretaria de infra-estrutura urbana e obras de São Paulo que tem mestrado em pavimentos permeáveis pela Universidade de São Paulo (USP). Um pouco de areia grossa, também permite que haja um bom volume de vazios.

Divulgação: Intercity/Afonso Virgiliis
Bloco de concreto permeável - Foto: Divulgação/Edição 13 em Abril/2011
A quantidade de pedra, areia, cimento e água vão variar de acordo com a resistência que se busca ter no concreto. Quanto maior a resistência que se procura, menor será a permeabilidade. Para se ter mais permeabilidade, é preciso um maior volume de vazios e, portanto, haverá menos resistência. Por isso, há limitações na aplicação do sistema de drenagem com concreto permeável. Ele é mais indicado para locais de menor solicitação de carga, onde a resistência é menos exigida, como ciclovias, quadras poliesportivas e estacionamentos.

MEIO AMBIENTE

 “Assim como o concreto simples, o concreto poroso é 100% reciclável”, lembra Mariana Marchioni coordenadora do projeto Pavimento Permeável na Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). A porosidade de um concreto permeável varia de 15% a 30% e a água geralmente escoa com taxas entre 0,2 cm/s até 1 cm/s, dependendo do material e da sua disposição. Com isso, a Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana (EPA, Environmental Protection Agency) classificou os pavimentos permeáveis de BMP.
A sigla BMP (Best Management Practice) pode ser traduzida livremente como práticas sustentáveis. Ou seja, o EPA classifica os pavimentos permeáveis como uma das soluções sustentáveis para a drenagem urbana, que atua na redução da impermeabilização das cidades assim como na redução da poluição, pois a base do pavimento filtra a água da enxurrada.
Nos Estados Unidos, em alguns casos, a legislação exige a utilização deste tipo de pavimento. Na Alemanha – pioneira no uso deste sistema – são instalados cerca de 20 milhões de m2 de pavimentos permeáveis por ano em construções residenciais e comerciais.

Divulgação: Intercity/Afonso Virgiliis
Peças pré-moldadas de concreto permeável
VANTAGENS

ü Proteção do sistema de drenagem;
ü Pode ser usado como via para pedestres, estacionamento, ciclovia, piso de quadras poliesportivas;
ü Ajuda a diminuir enxurradas e enchentes;
ü Possibilita a reutilização da água da chuva;
ü Realimenta o aquífero subterrâneo;
ü Atua como filtro, impedindo que impurezas e metais pesados atinjam o lençol freático;

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Concreto permeável evitaria inundações superficiais - Foto: Divulgação/Tarmac
ÍNDICES DE REFRÊNCIA

ü A execução do sistema de drenagem abaixo do concreto permeável envolve uma camada única com brita graduada. Não precisa ser uma estrutura muito profunda, já que a capacidade de guardar água se ganha na área do reservatório, que é extensa. Veja os principais índices de desempenho do sistema:
ü Índice de vazios: na ordem de 20%, no máximo 25% em comparativo o concreto convencional possui 4% de vazios;
ü Ângulo máximo da rampa: 18%, conforme estudo conduzido pela Universidade São Judas. Havendo escorregamento de massa na aplicação e pouca capacidade de absorção porque a água escorre também. Se o método utilizado for o concreto permeável em blocos pré-moldados, o ângulo possível é de 20% a 25%;
ü Permeabilidade: mais de 70% da chuva consegue ser escoada; 
ü Custo: R$ 155,00 por m²;
Fonte: Intercity

Segue-se o texto no próximo título O Concreto Permeável ou Poroso (1/2)

Concreto Permeável (1/2)



Seguimento do texto de título O Concreto Permeável ou Poroso (1/1)

O Concreto Permeável ou Poroso (1/2)
Texto adaptado por Érica de Vargas

FUNCIONAMENTO

Como já dito a função permeabilizante somente funciona quando associado à base e sub-base granular. A água da chuva desce pelo concreto poroso onde precisa ser armazenada nessa estrutura granular de pedras ou britas com grande volume de vazios.
Depois que a chuva para, a água que ficou armazenada nos vazios pode seguir dois caminhos: ou vai para o subsolo, quando o subleito é propício para promover esse caminho até o aquífero, ou pode ir para um sistema de drenagem. Aí ela segue para os bueiros e bocas de lobo da cidade ou fica em piscinas de armazenagem ou reservatórios, a partir de onde pode ser reutilizada em espaços sanitários ou jardins.
As normas americanas dizem que, quando o solo é propício, em até 72 horas a água é absorvida e lançada no aquífero. Se o subsolo é compactado e impermeável (argiloso, por exemplo), no entanto, a água que fica na base e na sub-base não consegue ir rapidamente para o lençol freático e fica acumulada no reservatório granular. Nesse caso, as camadas de pedra da estrutura podem encher e transbordar pela superfície, voltando para cima do concreto poroso.

fotos: Divulgação abcp
Estacionamento na sede do Environmental Protection Agency (EPA), em New Jersey (EUA)
Por isso, a recomendação é fazer o cálculo para a espessura do projeto é baseado em duas premissas: a própria resistência do concreto e a quantidade de chuva, e o cálculo hidrológico, com referência a uma chuva de exceção que aconteça em um intervalo de 10, 25, 50 ou 100 anos. Em São Paulo, por exemplo, a normatização para microdrenagem tem como base períodos de retorno de dez anos.
A base e a sub-base são executadas com pedras de no máximo 3/8 de diâmetro, primeiro as pedras maiores, depois as pedras menores e por último pedrisco. Faz-se uma camada de 10 cm a 15 cm de britas, por onde passa o rolo compactador vibratório, e mais outra camada. Grandes profundidades não são necessárias, pois "O pavimento ganha na área, armazena água como uma piscina. Rasinho, mas uma piscina", explica Virgiliis, que experimentou o sistema de drenagem com blocos intertravados de concreto poroso em um projeto de estacionamento construído na USP que descreveremos a seguir.
O concreto tem que ser aplicado com cuidado, não podendo ser jogado nem alisado, e deve ficar rugoso. Também não pode ser desempenado, para não fechar as possibilidades de a água entrar.

ECONÔMIA E DURAÇÃO

O concreto permeável ou poroso, especificamente, pode ser produzido de duas formas: moldado in loco ou em peças pré-moldadas. Virgiliis aconselha cuidado na hora da aplicação em ambos os métodos. Se for a massa jogada em cima da base granular, a regularização pode ser feita com régua. Se forem blocos, eles não devem ser colocados em disposição aleatória, a fim de terem resistência a deformações e não possuírem irregularidades longitudinais.
O sistema pode durar até dez anos com a parte estrutural íntegra, mas é preciso tomar cuidado com a colmatação (entupimento das camadas superiores por sujeira). Estudos indicam que nos primeiros dois anos, a tendência é o concreto poroso perder 50% da capacidade de permeabilização, e continuar perdendo o resto gradativamente até fechar sete anos, quando os vazios estariam entupidos na superfície.
No caso de concreto permeável moldado in loco, a manutenção é feita com a retirada de 3 cm ou 4 cm da camada mais externa, que é substituída por uma nova.
Se o sistema for de blocos, as opções são trocar os blocos por novos ou arrancá-los cuidadosamente e trocá-los de lado. A face externa vira para a estrutura interna e é como se fosse criada uma retro lavagem.
Devido ao tamanho dos grãos, as peças de concreto permeável, são mais caras do que as convencionais. O sistema inteiro de pavimentação chega a custar 35% a mais. Mariana, da ABCP, alerta, porém, que o custo de cada projeto deve ser pensado levando em conta que o concreto permeável tem a função de pavimento e também drenagem respeitando a permeabilização exigida pelos órgãos públicos.

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Existiriam três fases diferentes de infiltrações da água no solo - Foto: Divulgação/Tarmac
ESPECIFICAÇÃO

Para especificar o sistema de drenagem com concreto permeável deve se fazer primeiramente um orçamento-base, indicando quantos metros quadrados de pavimento drenante terá a obra, quantos centímetros terá cada camada, quanto de material cada metro quadrado terá e qual será a composição.

BRASIL

Por enquanto, a presença do concreto permeável no Brasil é tímida, com iniciativas isoladas em estacionamentos de shoppings centers e condomínios.
Em 2009, uma pesquisa na USP levou à construção de um estacionamento de 1.600 m² dividido em dois: de um lado foi feito um sistema de drenagem com asfalto permeável, camada porosa de atrito (CPA), e do outro foram usados blocos intertravados de concreto poroso.
Os blocos permeáveis absorviam a maior parte da água, mas o rejunte usado para unir as peças também tinha propriedades de drenagem. O projeto foi patrocinado pela Prefeitura de São Paulo, a Secretaria de Infra-estrutura Urbana e Obras, em conjunto com o Centro Tecnológico de Hidráulica da USP, e foi tema da dissertação de mestrado de Afonso Virgiliis, "Os dados continuam sendo coletados; e o concreto poroso está dando alguns probleminhas de colmatação", explica o engenheiro. As camadas de base e sub-base foram feitas com 35 cm como margem de segurança. O experimento está localizado em uma região onde ocorre grande volume de chuvas.

REFERÊNCIAS

Escrito por Marina Lira - Concreto permeável promete ser a solução para enchentes, em 28/09/2015;

Escrito por Caroline MazzonettoConcreto permeável, Edição 13 em Abril/2011;

Escrito por Altair Santos Pavimento permeável contra enchente, entrevista Mariana Marchioni, engenheira da ABCP, em 30/03/2011;

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Madeira em arte



Procurando saber algo mais sobre os encaixes de madeiras por meio dos nossos queridos marceneiros, encontrei por meio do blog do Tomazelli que se diz um apaixonado por madeira de verdade e marcenaria tradicional, um interessante post em que relata por meio de um artigo o uso da espiga e fura para obter a união das peças de madeira.

Espigas e seu uso
Texto adaptado por Érica de Vargas


Esse artigo vai para aqueles que gostam de marcenaria. É um pequeno artigo cujo conteúdo é muito comum de ser encontrado em livros e revistas em inglês. Mas, como toda informação sobre marcenaria, é algo raramente encontrado em português.
A espiga e fura é um dos métodos mais usados para unir peças de madeira, é também um dos mais antigos, sendo encontrado em sarcófagos do Egito. Primeiro vamos ver a nomenclatura das partes do encaixe. Como não tenho nenhuma literatura em português, traduzi livremente os termos usados em inglês.


A regra básica para as medidas de uma espiga é de que a espessura dela deve ter em torno de um terço da espessura da peça da fura. Se a espiga for mais fina, ficará fraca; enquanto que se a espiga for mais grossa, as paredes laterais da fura ficarão fracas. Na prática é uma questão de escolher a ferramenta que mais se aproxime dessa medida de um terço: caso a fura seja feita a mão, o formão com largura mais próxima; caso seja feita a máquina, a fresa ou broca mais próxima.
O comprimento da espiga tem uma regra básica de ser pelo menos cinco vezes a espessura da espiga. Na prática, quanto mais comprida a espiga mais resistência dará. Então, caso a espiga não seja vazada, o ideal é fazer a fura o mais profunda possível, deixando ainda uma sobra razoável de madeira do lado oposto a fura, para que não fique muito fraca e quebre facilmente.
espigas

Já a altura da espiga é um pouco mais complicado. Geralmente ela não deve ser muito maior do que o comprimento, pois caso fosse iria dar pouca resistência contra flexão. Uma alternativa caso a espiga seja muito alta, é dividi-la em duas ou mais. Ou fazer uma espigahaunched, com a espiga central comprida, e os haunchs em cima e em baixo, que darão uma maior resistência contra torção, conforme a figura 2.
Lembrando que essas regras são um ponto de partida, não uma verdade absoluta. Cabe ao marceneiro decidir as medidas finais. Alguns projetos sofrem mais forças em um sentido do que em outro, assim o marceneiro pode e deve estudar seu projeto, decidindo as medidas ideais da espiga para dar mais resistência nesse ou naquele sentido.
Agora a nomenclatura da fura. Veja que os nomes mudam da espiga para a fura, a altura da espiga equivale ao comprimento da fura, enquanto a espessura da espiga equivale à largura da fura.
desenho de fura
Figura 3: A fura


Uma espiga deve entrar justa no comprimento da fura, não em sua largura. Se entrar apertada na largura da fura, ela pode abrir os veios da madeira. Já no comprimento da fura, a espiga encontra a madeira da fura de topo, como está marcado na figura 3. Como a espiga encontra a madeira de topo, não há perigo de abrir ou rachar a peça da fura. Uma maneira de verificar se a espiga está entrando macia na largura é inclinando a espiga, conforme a figura 4.
espiga e fura
Figura 4: Teste para verificar se a espessura da espiga está correta


A espiga deve entrar facilmente na fura dessa forma, apenas com a mão e sem ser necessário forçar. Porém não deve entrar com folga, deve entrar macia, facilmente, mas deve haver uma sensação de leve atrito. Já quando for encaixar a espiga totalmente, ela deve entrar bem justa, sendo necessário força para entrar. Se entrar facilmente, apenas com a mão, o encaixe está folgado.
O encaixe por si só já oferece resistência contra compressão, cisalhamento, flexão e torção. A única força contra a qual ele não oferece resistência é a tração, ou seja, ao ato de se separar o encaixe. Porém, há variantes do encaixe que oferecem resistência contra tração, além disso, a cola usada hoje em dia também oferece uma ótima resistência contra tração.

FORÇAS QUE ATUAM SOBRE O ENCAIXE
Vamos ver um pouco sobre essas forças, ter uma noção geral das forças é importante para poder entender alguns tipos de encaixes.
compressão
Figura 5: Compressão
Quem faz resistência contra a compressão são as abas da espiga.
cisalhamento
Figura 6: Cisalhamento
Quem oferece resistência ao cisalhamento são as faces da espiga. Quanto mais comprida a espiga, maior a resistência.
flexao
Figura 7: Flexão



A flexão é como o nome indica um movimento parecido com o flexionar de um braço. É um movimento que tende a tirar as duas peças do esquadro. Quanto maior o comprimento da espiga, maior a resistência contra a flexão.
Na verdade, o que mais conta para dar resistência é a relação entre altura e comprimento da espiga. Se a espiga for muito alta e pouco comprida, ela não irá dar resistência contra flexão. Por isso quando o trabalho exige uma espiga muito alta, é comum vermos duas espigas em vez de apenas uma, como já foi comentado antes (figura 2).
torcao
Figura 8: Torção
A torção é um movimento de rotação da peça da espiga no seu eixo longitudinal. Para resistir à torção, quanto mais alta a espiga melhor.
A última força é a tração. Em uma espiga simples, somente a cola oferece resistência contra tração. Felizmente na maioria dos casos, por conta da disposição dos encaixes, a força de tração vai ser pouca. Além disso, algumas variações oferecem resistência mecânica contra a tração, como a espiga com cunha, espiga com cavilha, etc.

tracao
Figura 9: Tração

TIPOS DE ESPIGA MAIS USADOS NA MARCENARIA

Espiga e fura cega (Blind mortise and tenon)
Blind mortise and tenon
Figura 10: Espiga e fura cega
É a mais comum das espigas, onde a fura não atravessa para o outro lado, por isso chamada de espiga cega. Também é chamada simplesmente de espiga.

Espiga haunched (Haunched mortise and tenon)

Esse é um tipo de espiga usado sempre na borda das peças. Se fôssemos fazer uma espiga normal no canto da peça, ficaria uma quantidade pequena de madeira no topo da peça da fura. Com pouca madeira no topo (Fig. 11) , qualquer esforço faria rachar o topo da peça da fura.


Uma alternativa é recuar a espiga, deixando um pouco mais de madeira no topo da peça da fura (Fig. 12). Porém, abaixando a espiga diminuímos sua altura e diminuímos junto a resistência contra torção.
Uma alternativa melhor nesses casos é a espiga haunched (Fig. 13). Essa espiga ainda mantém uma boa quantidade de madeira no topo da peça da fura, para evitar rachar, e incorpora um pequeno segmento, o haunch, até a borda de cima. Esse segmento extra vai conferir mais resistência contra torção.
haunched mortise and tenon
Figura 13: Espiga haunched
Esse tipo de espiga também é muito usado na construção de painéis com moldura, onde as peças tem um rasgo interno para encaixar o painel (Fig. 14). Assim podemos fazer o rasgo para o painel de fora a fora nas peças, já que a espiga irá tampar esse rasgo.
haunched mortise and tenon in frame and panel
Outra variação ainda é essa, quando não podemos ou não queremos que o segmento (haunch) apareça no topo da peça. Em fez de deixar o seguimento reto, deixamos ele em ângulo (Fig. 15), assim por fora não irá aparecer nada. Esse encaixe oferece um pouco menos de resistência contra torção.
angled haunched mortise and tenon

Espiga e fura aberta (open mortise and tenon)

É uma espiga usada no canto da peça também. A vantagem é que ela pode ser feita facilmente na serra de bancada. Por ser totalmente aberta, não oferece resistência contra flexão e deve ser usada com cautela, apenas em locais onde não haverá esforços de flexão. Uma cadeira, por exemplo, sofre grande esforço de flexão quando encostamos no espaldar.
Para essa espiga aberta ter resistência contra flexão, podemos colocar uma ou duas cavilhas, fazendo uma espiga aberta com reforço de cavilhas, como vamos ver mais abaixo na espiga com reforço de cavilha.
open mortise and tenon
Espiga e fura vazada (through mortise and tenon)

É a mesma coisa de uma espiga cega, porém a espiga atravessa a peça totalmente. A vantagem é que a espiga é mais comprida, oferecendo maior resistência.
through mortise and tenon
Figura 17: Espiga e fura vazada
Espiga e fura vazada com cunha (wedged through mortise and tenon)

É uma variação da espiga vazada. A diferença é que a parte de fora da fura é inclinada, um pouco mais aberta, e a espiga recebe dois cortes por onde serão inseridas duas cunhas.
wedged through mortise and tenon

A figura 19 mostra o detalhe de como a fura é levemente inclinada na parte de fora. Assim quando as cunhas forem inseridas, irão fazer com que a espiga abra, formando uma espécie de rabo de andorinha dentro da fura. Os dois furos na espiga, no final dos cortes, servem para que a espiga não rache quando inserirmos as cunhas.
wedged through mortise and tenon
Figura 19: Espiga e fura vazada com cunha: detalhe interno do encaixe

É um encaixe muito resistente. Era muito usado antigamente, pois as colas não tinham tanta resistência quanto as colas de hoje em dia. Além disso, essa espiga era muito usada em encaixes externos, pois não havia cola resistente à água. Eu vi muitas espigas assim em móveis chineses, alguns realmente antigos, com mais de cem anos, e outros que são reproduções de móveis antigos.
Usando cunhas da mesma madeira fica um encaixe discreto, onde quase não irá aparecer as cunhas. Já usando madeiras em uma cor contrastante, o encaixe adquire um tom decorativo também.


Espiga e fura com cavilha (pegged or pinned mortise and tenon)

É uma espiga comum, pode ser tanto cega quando vazada, onde é inserida uma cavilha que irá manter o encaixe firme, mesmo que a cola venha a falhar ou que não seja usada cola. Também é um encaixe muito usado antigamente, inclusive em obras externas onde a cola de antigamente não oferecia nenhuma resistência contra água.
pegged or pinned mortise and tenon
Há duas formas de se fazer:

Primeiramente colar normalmente, aplicando cola e grampos para unir o encaixe. Depois que estiver já prensado nos grampos, fazemos um furo que passe pela espiga e inserimos a cavilha.
Outra forma é fazer o furo um pouco deslocado na espiga, conforme a figura 22. Fazendo o furo deslocado assim, não precisamos usar grampos, pois quando formos inserir a cavilha ela irá puxar a espiga para dentro, mantendo o encaixe firme no local.

Espiga e fura vazada com dente (tusk mortise and tenon)

É uma espiga que atravessa totalmente a fura e sai um pedaço ainda para fora. Nesse pedaço que sai para fora há uma outra fura por onde é introduzida uma cunha no formato de dente de leão, daí vem o seu nome em inglês: tusk tenon.
tusk mortise and tenon

É um encaixe muito usado em pés de mesa, pois como não usa cola, pode ser facilmente separado. Além disso, é um encaixe muito forte, que pode ser reapertado apenas batendo o dente mais para dentro.  Depois de pronto e montado, é um encaixe que oferece uma bela decoração ao móvel (Fig. 24). Como a espiga fica bem para fora do encaixe, nem sempre pode ser usado.
tusk mortise and tenon

Na confecção do encaixe há um pequeno segredo (Fig. 25), o rasgo inclinado por onde irá ser inserido o dente deve ficar um pouco deslocado para dentro da fura. Assim quando inserirmos o dente ele irá tracionar a espiga, a fazendoela ficar bem firme no local.
tusk mortise and tenon

Espigas gêmeas (twins mortise and tenon)

As espigas gêmeas ou espigas duplas são mais usadas em peças largas, quando a união é face com face. Também são sempre usadas no meio da peça, pois se fosse usadas no canto iriam ser um encaixe endentado.
Podem ser vazadas como na figura 26 ou cegas. Se forem vazadas ainda podem receber uma cunha para deixar o encaixe mais justo.
twins mortise and tenon
                                                                                     Figura 26; Espigas gêmeas


REFERÊNCIAS

Artigo: Handbook of joinery (The Art of Woodworking). Editor: Time-Life Books, 1993. IBSN 0-8094-9942-8 e 0-8094-9942-X. 144 páginas.

Blog: Tomazelli Woodwoorking. Postado por Tomazelli.