Seguimento do texto de título O
Concreto Permeável ou Poroso (1/1)
O
Concreto Permeável ou Poroso (1/2)
Texto adaptado por
Érica de Vargas
FUNCIONAMENTO
Como já dito a função
permeabilizante somente funciona quando associado à base e sub-base granular. A
água da chuva desce pelo concreto poroso onde precisa ser armazenada nessa
estrutura granular de pedras ou britas com grande volume de vazios.
Depois que a chuva para, a água
que ficou armazenada nos vazios pode seguir dois caminhos: ou vai para o
subsolo, quando o subleito é propício para promover esse caminho até o
aquífero, ou pode ir para um sistema de drenagem. Aí ela segue para os
bueiros e bocas de lobo da cidade ou fica em piscinas de armazenagem ou
reservatórios, a partir de onde pode ser reutilizada em espaços sanitários ou
jardins.
As normas americanas dizem que,
quando o solo é propício, em até 72 horas a água é absorvida e lançada no
aquífero. Se o subsolo é compactado e impermeável (argiloso, por
exemplo), no entanto, a água que fica na base e na sub-base não consegue ir
rapidamente para o lençol freático e fica acumulada no reservatório granular.
Nesse caso, as camadas de pedra da estrutura podem encher e
transbordar pela superfície, voltando para cima do concreto poroso.
Estacionamento na sede do Environmental Protection Agency (EPA), em New Jersey (EUA) |
Por isso, a recomendação é fazer o
cálculo para a espessura do projeto é baseado em duas premissas: a própria
resistência do concreto e a quantidade de chuva, e o cálculo hidrológico,
com referência a uma chuva de exceção que aconteça em um intervalo de 10, 25,
50 ou 100 anos. Em São Paulo, por exemplo, a normatização para microdrenagem
tem como base períodos de retorno de dez anos.
A base e a sub-base são executadas
com pedras de no máximo 3/8 de diâmetro, primeiro as pedras maiores, depois as
pedras menores e por último pedrisco. Faz-se uma camada de 10 cm a 15 cm de
britas, por onde passa o rolo compactador vibratório, e mais outra camada.
Grandes profundidades não são necessárias, pois "O pavimento ganha na
área, armazena água como uma piscina. Rasinho, mas uma piscina", explica
Virgiliis, que experimentou o sistema de drenagem com blocos intertravados de
concreto poroso em um projeto de estacionamento construído na USP que
descreveremos a seguir.
O concreto tem que ser aplicado com
cuidado, não podendo ser jogado nem alisado, e deve ficar rugoso. Também não
pode ser desempenado, para não fechar as possibilidades de a água entrar.
ECONÔMIA E DURAÇÃO
O concreto permeável ou poroso,
especificamente, pode ser produzido de duas formas: moldado in loco ou em
peças pré-moldadas. Virgiliis aconselha cuidado na hora da aplicação em
ambos os métodos. Se for a massa jogada em cima da base granular, a regularização
pode ser feita com régua. Se forem blocos, eles não devem ser colocados em
disposição aleatória, a fim de terem resistência a deformações e não possuírem
irregularidades longitudinais.
O sistema pode durar até dez anos
com a parte estrutural íntegra, mas é preciso tomar cuidado com a colmatação
(entupimento das camadas superiores por sujeira). Estudos indicam que nos
primeiros dois anos, a tendência é o concreto poroso perder 50% da capacidade
de permeabilização, e continuar perdendo o resto gradativamente até fechar sete
anos, quando os vazios estariam entupidos na superfície.
No caso de concreto permeável
moldado in loco, a manutenção é feita com a retirada de 3 cm ou 4 cm da camada
mais externa, que é substituída por uma nova.
Se o sistema for de blocos, as
opções são trocar os blocos por novos ou arrancá-los cuidadosamente e trocá-los
de lado. A face externa vira para a
estrutura interna e é como se fosse criada uma retro lavagem.
Devido ao tamanho dos grãos, as
peças de concreto permeável, são mais caras do que as convencionais. O sistema
inteiro de pavimentação chega a custar 35% a mais. Mariana, da ABCP, alerta,
porém, que o custo de cada projeto deve ser pensado levando em conta que o
concreto permeável tem a função de pavimento e também drenagem respeitando a
permeabilização exigida pelos órgãos públicos.
Existiriam três fases
diferentes de infiltrações da água no solo - Foto: Divulgação/Tarmac
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ESPECIFICAÇÃO
Para
especificar o sistema de drenagem com concreto permeável deve se fazer
primeiramente um orçamento-base, indicando quantos metros quadrados de
pavimento drenante terá a obra, quantos centímetros terá cada camada, quanto de
material cada metro quadrado terá e qual será a composição.
BRASIL
Por
enquanto, a presença do concreto permeável no Brasil é tímida, com iniciativas
isoladas em estacionamentos de shoppings centers e condomínios.
Em
2009, uma pesquisa na USP levou à construção de um estacionamento de 1.600
m² dividido em dois: de um lado foi feito um sistema de drenagem com asfalto
permeável, camada porosa de atrito (CPA), e do outro foram usados blocos
intertravados de concreto poroso.
Os
blocos permeáveis absorviam a maior parte da água, mas o rejunte usado para
unir as peças também tinha propriedades de drenagem. O projeto foi patrocinado
pela Prefeitura de São Paulo, a Secretaria de Infra-estrutura Urbana e Obras,
em conjunto com o Centro Tecnológico de Hidráulica da USP, e foi tema da
dissertação de mestrado de Afonso Virgiliis, "Os dados continuam sendo
coletados; e o concreto poroso está dando alguns probleminhas de
colmatação", explica o engenheiro. As camadas de base e sub-base foram
feitas com 35 cm como margem de segurança. O experimento está localizado em uma
região onde ocorre grande volume de chuvas.
REFERÊNCIAS
Escrito por
Caroline Mazzonetto – Concreto permeável, Edição
13 em Abril/2011;
Escrito por
Altair Santos – Pavimento permeável contra enchente, entrevista Mariana Marchioni,
engenheira da ABCP, em 30/03/2011;
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